Os benefícios da prática da Dança de Salão

É inegável na literatura referente à Dança de Salão que a maior parte dos estudos publicados dizem respeito aos benefícios dessa prática aos mais diversos perfis de praticantes. Com isso, vimos importância em contextualizar tais discussões que, no nosso entender, são coerentes e importantes para um artigo que discute esse tipo de Dança.

Segundo Abreu et al. (2008), essa prática pode melhorar a coordenação motora, ritmo e percepção espacial, possibilitando o convívio e o aumento das relações sociais. Volp et al. (1995) fazem coro a essa observação, ao afirmarem que a Dança de Salão promove satisfação, favorecendo a socialização, fatores fundamentais na formação do indivíduo.

Quando o assunto é a socialização, a Dança de Salão pode auxiliar nas mais variadas faixas etárias. Para Zaniboni e Carvalho (2007), as crianças, a partir dessa prática, criam um espaço saudável de convivência em grupo, trocando experiências e compreendendo os limites do outro. Tal afirmativa é reforçada por Escobar (2009) quando diz que, na Educação Infantil, o ato de dançar a dois deve ser considerado uma possibilidade de conteúdo curricular nas aulas de Educação Física, uma vez que trabalha com aspectos atitudinais importantes como o respeito entre os gêneros e a interação, além de potencializar a expressão e a concentração das crianças.

Segundo Barreto (2004, p.66), a prática da dança na escola pode “incentivar a expressividade dos indivíduos e possibilitar a comunicação não verbal e os diálogos corporais”.

Em relação ao público jovem, Marcelino e Silva (2007) discutem a utilização da Dança de Salão como conteúdo curricular das aulas de Educação Física no Ensino Médio. Para os autores, essa prática pode favorecer os contatos entre os adolescentes no ambiente escolar, levando-os a enfrentarem problemas de relacionamento com seus semelhantes e respeitarem-se, trazendo assim, harmonia com a outra pessoa através do contato com as sensações e comunicações corporais.

Os autores citam um aspecto extremamente interessante quando o objetivo é a atribuição de significado ao conteúdo Dança de Salão por parte dos alunos do Ensino Médio:

[…] Para facilitar a implantação dessa proposta nas aulas de Educação Física no Ensino Médio é importante conectar o mundo do jovem ao da dança de salão, respeitando e explorando seu universo sócio-político–cultural, dialogando com os alunos sobre pressupostos conteúdos e valores inseridos na mesma, criando um ambiente multi-culturalista. Sendo então o professor, o facilitador no ensino aprendizagem da Dança de Salão na escola (MARCELINO E SILVA, 2007, p. 30).

Corrobora Mason (2009) ao afirmar que a Dança de Salão é um conteúdo possível de ser ministrado para o Ensino Médio, necessitando apenas que o docente estimule esse ambiente de aprendizagem. Para a autora, o professor deve se manifestar e, mesmo não se sentindo apto a ministrar esse tipo de aula, buscar subsídios para fornecer aos alunos possibilidades de aprendizagem como essa.

Como grande parte dos estudos em Dança de Salão discutem seus benefícios ao público idoso (GOBBO, 2005; PEREIRA, 2005; BOCALINI et. al., 2007; HUBER DA SILVA; MAZO, 2007; ZAMONER, 2007a), vale ressaltar que essa prática entendida como atividade física, proporciona muitos benefícios físicos, sociais e psicológicos especificamente para essa faixa etária, o que, conforme as pesquisas realizadas, justifica a grande procura desse público por essas aulas.

Para muitos autores (GAION, 2008; GOBBO, 2005; PEREIRA, 2005; NOGUEIRA et. al., 2010), a Dança de Salão não é considerada pelos praticantes idosos como uma mera atividade física obrigatória para a manutenção da saúde, e sim uma prática prazerosa, que além do bem-estar físico, proporciona, como dito anteriormente, benefícios sociais e psicológicos. Fica perceptível o importante significado que a prática da Dança de Salão pode ter para os idosos nas palavras de Maia et. al. (2007, p. 39) quando os autores afirmam que “[…] a atividade física isoladamente não é suficiente para manter uma alta qualidade de vida e bem-estar, necessitando assim incluir os idosos no meio social, intelectual, cultural, aspectos esses oferecidos nessa vivência corporal”.

Vale ressaltar que a Dança de Salão, além de todos os benefícios supramencionados, também alivia o estresse, ameniza a tensão, auxilia na educação devido à expressão de ideias, sentimentos, emoções e pensamentos, levando o praticante a descobrir e/ou redescobrir sua corporeidade e sensibilidade, conhecendo seus limites (ROCHA; ALMEIDA, 2007). Também segundo os autores, é uma atividade psicossocial que proporciona disciplina, atenção, autoestima, melhora a comunicação e deixa o praticante mais confiante em si mesmo.

A Dança de Salão também proporciona benefícios nos aspectos biológicos e fisiológicos, como melhora na coordenação motora, agilidade, ritmo, percepção espacial, flexibilidade, equilíbrio, resistência e força muscular, favorece a postura e auxilia na manutenção do peso corporal (D’AQUINO et. al., 2005). Bocalini et. al. (2007) afirmam que a prática da Dança de Salão pode ser uma importante estratégia para melhorar a qualidade de vida e desenvolver a aptidão física, pois é possível considerar que ela parece proporcionar sobrecarga suficiente para se obter uma melhor resposta nas variáveis neuromotoras e metabólicas, embora exerça pouca influência nas variáveis antropométricas.

A Dança de Salão produz melhorias em funções vitais do organismo como digestão, respiração e circulação, enfatizando-se o condicionamento cardiorrespiratório (GAION, p.1, 2008). De acordo com Nogueira et. al. (2010), a Dança de Salão também influencia positivamente no esquema corporal dos indivíduos, pois o contato com o parceiro e os movimentos da própria dança, estimulam a relação entre o próprio contorno corporal e a propriocepção, ou seja, o indivíduo passa a ter mais consciência de seu próprio corpo consigo e com o espaço. Para o autor, esses fatores auxiliam de maneira significativa nas atividades de vida diária e, com isso, na qualidade de vida.

O estudo de Costa et. al. (2008) constatou que a Dança de Salão, quando prescrita de forma estruturada e organizada, pode ser considerada uma prática de baixo risco cardíaco. Com base nos resultados do duplo-produto (Produto fornecido a partir dos valores da frequência cardíaca (FC) e da pressão arterial sistólica (PAS) que tem correlação com o consumo de oxigênio do miocárdio, sendo um preditor indireto do esforço cardiovascular), avaliou-se o trabalho cardíaco durante o exercício físico, fornecendo-se parâmetros seguros para a prescrição da intensidade de treino para pessoas de diferentes idades e condições físicas.

Embora sejam muitos os benefícios proporcionados pela prática da Dança de Salão, não podemos reduzi-la apenas numa perspectiva funcionalista e assistencialista, perdendo sua dimensão artística. Acreditamos que o caráter transformador que a prática da arte do dançar a dois pode proporcionar, é de suma importância para os mais variados perfis de alunos. Por meio da reflexão, podemos significar ou até mesmo ressignificar valores dos indivíduos.

Por fim, quando tratamos de dialogar acerca dos benefícios, tanto uma vontade de conhecer aos que nunca a vivenciaram, como praticar ainda mais aos que já estão inseridos nesse mundo vem à tona e é nesse momento, que também se torna significativo refletirmos sobre aspectos que possam ser prejudiciais em caso de práticas erráticas vindas de atitudes pouco pedagógicas que não se preocupem com a individualidade das pessoas. Para não nos estendermos aqui, certamente esse será um novo assunto extremamente enriquecedor para um futuro próximo artigo.

Referências

ABREU, E. V.; PEREIRA, L. T. Z.; KESSLER, E. J. Timidez e motivação em indivíduos praticantes de Dança de Salão. Conexões, vol. 6, 2008. Número especial.

BARRETO, Débora. Dança…: ensino, sentidos e possibilidades na escola. Campinas: Autores Associados, 2004.

BOCALINI, D. S.; SANTOS, R. N.; MIRANDA, M. L. J. Efeitos da prática de dança de salão na aptidão funcional de mulheres idosas. Revista Brasileira Ciência e Movimento. Universa, 15(3): 23-29, 2007.

COSTA, J.; DIAS, C.; GONÇALVES, D.; PEREIRA, M. M.; SAFONS, M. P.; BALDISSERA, V. Duplo produto como variável de segurança para a pratica de dança de salão em idosos. Revista Digital, Buenos Aires, ano 13, n.120, mai. 2008. Disponível em: http://www.efdeportes.com.

 

D’AQUINO, R.; GUIMARÃES, A. C. A.; SIMAS, J. P. N. Dança de salão: motivo dos indivíduos que procuram esta atividade. Revista Digital, Buenos Aires, ano 10, n.88, set. 2005. Disponível em: http://www.efdeportes.com. 5.ed.

ESCOBAR, M. C. M. A Dança de Salão e sua importância na transmissão dos conteúdos atitudinais em aulas de educação física para o ensino infantil. 2009. 25 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Educação Física) – Faculdades Integradas Metropolitanas de Campinas (METROCAMP), Campinas, 2009.

GAION, A. B. Dança de salão: qualidade de vida e integração. UNIFIL – Centro Universitário Filadélfia, Paraná, dez. 2008. Disponível em:  <http://web.unifil.br/docs/extensao/II/20_Danca%20de%20salao.pdf>. Acesso em: 22 de out. de 2010.

GOBBO, D. E. A dança de salão como qualidade de vida para a terceira idade. Orientado por Prof.ª Daisy Carvalho. Revista Eletrônica de Educação Física – Uniandrade. Curitiba: PR, 2005.

HUBER DA SILVA, A.; MAZO, G. Z. Dança para idosos: uma alternativa para o exercício físico. Cinergis, v. 8, n. 1, p. 25-32, jan./jun. 2007.

MAIA, M. A. C.; VÁGULA, S.; SOUZA, V. F. M.; PEREIRA, V. R. Estudo comparativo da agilidade entre praticantes de Dança de Salão. In: SaBios, v. 2, n. 2, 2007.

MARCELINO, J. B.; SILVA, K. R. Dança de Salão: uma nova proposta pedagógica para o Ensino Médio. 2007. 42 f. Monografia (Graduação) – Faculdade de Educação Física, Centro Universitário Amparense, Amparo, 2007.

MASON, M. M. Dança de Salão: uma possibilidade de conteúdo curricular nas aulas de Educação Física no Ensino Médio. 2009. 28 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Educação Física) – Faculdades Integradas Metropolitanas de Campinas (METROCAMP), Campinas, 2009.

NOGUEIRA, R.; FONSECA, C. C.; GAMA, E. F. A influência da dança de salão na percepção corporal de indivíduos envelhescentes. Laboratório de Percepção Corporal e Movimento – Universidade São Judas Tadeu. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL,1; CONGRESSO BRASILEIRO DE IMAGEM CORPORAL, 2010, Campinas. Anais. Campinas: UNICAMP, 2010.

PEREIRA, M. de M. Arte marcial, ioga e dança de salão para idosos. Revista Educação Física – CONFEF, n. 16, p.12- 13, jun. 2005.

ROCHA, D. M.; ALMEIDA, C. M. Dança de salão, instrumento para a qualidade de vida.  Movimento & Percepção, v. 7, n. 10, 2007.

VOLP, C. M.; DEUTSCH, S.; SCHWARTZ, G. M. Por que dançar? um estudo comparativo. Motriz, v. 1, n 1, 1995.

ZAMONER, M. Prática e ensino de dança de salão, comportamento sexual e drogadição: confusões e preconceitos. Revista Digital, Buenos Aires, ano 12, n. 107, 2007a.

ZANIBONI. L.; CARVALHO, A. G. Dança de Salão: uma possibilidade de linguagem. Conexões, v. 5, n. 1, 2007.

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